11 de janeiro de 2016

Desejo de Sade



     Ele acorda ainda cansado, abafado  sente um calor  sufocante,  nariz seco resultado de uma noite de ar condicionado e um histórico alérgico não tratado. Senta-se na cama, respira fundo e levanta sentindo aquela velha dor nas costas oriunda de um caro colchão de molas, muda a rotação do ventilador de teto deita novamente.

     Como chegou ao mundo acomoda-se enquanto  olha ao lado  sua mulher , a luz do sol já alto  por entre as cortinas desenhando formas de sombras e luzes em um corpo de bruços seminu. Com gentiliza e paixão de um artesão leva sua mão passear pelas curvas e formas de sua cônjuge sentindo mais uma vez que  aquele fogo de outrora apesar dos anos não apagou. Logo em riste se encontra e com jeito tenta acordá-la movendo os dedos em suas madeixas.


     Ao abrir olhos um susto, pois a mão pouco delicada perto de seu rosto apesar das doces intenções a pareceram ríspidas, uma leve e má interpretação, porém o sono mesmo que mais raso persiste. Por sua vez ele demostrando suas intenções libidinosas desejando que elas a cativem, passa com uma pegada mais intensa nas curvas do quadril, afagando as nádegas  e escorregando pelas coxas, indo e voltando repete seu vaguear.

     - Xiii! Fica quietinho – sua mulher a açoitar seu desejo.
   
     - Eu quero ter-te, você não quer me ter – fica uma resposta emudecida como um apelo flanando sua mente.

     Em um desespero impassível vagueia novamente como que por afastar o sono dela e lhe transmitir via cutânea seu desejo libidinoso.

     - Fica quietinho! – como um gemido antissexual ela novamente o açoita-o.

     Recompondo sua mão ele olha o riste de seu corpo e deposita seu olhar no teto, com cabeça a pensar: - Como eu queria estar em um conto de Sade e não em mais uma crônica do cotidiano.



Imagem: Enquanto ela dorme ...II  [http://olhares.uol.com.br/enquanto-ela-dorme-ii-foto5033086.html?nav1Autor Quark