Ele acorda ainda cansado, abafado sente um calor sufocante, nariz seco resultado de uma noite de ar
condicionado e um histórico alérgico não tratado. Senta-se na cama, respira
fundo e levanta sentindo aquela velha dor nas costas oriunda de um caro colchão
de molas, muda a rotação do ventilador de teto deita novamente.
Como chegou ao mundo acomoda-se enquanto olha ao lado
sua mulher , a luz do sol já alto por entre as cortinas desenhando formas de
sombras e luzes em um corpo de bruços seminu. Com gentiliza e paixão de um
artesão leva sua mão passear pelas curvas e formas de sua cônjuge sentindo mais
uma vez que aquele fogo de outrora apesar
dos anos não apagou. Logo em riste se encontra e com jeito tenta acordá-la
movendo os dedos em suas madeixas.
- Xiii! Fica quietinho – sua mulher a açoitar seu desejo.
- Eu quero ter-te, você não quer me ter – fica uma resposta emudecida como um apelo flanando sua mente.
Em um desespero impassível vagueia novamente como que por
afastar o sono dela e lhe transmitir via cutânea seu desejo libidinoso.
- Fica quietinho! – como um gemido antissexual ela novamente
o açoita-o.
Recompondo sua mão ele olha o riste de seu corpo e deposita
seu olhar no teto, com cabeça a pensar: - Como eu queria estar em um conto de
Sade e não em mais uma crônica do cotidiano.
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