26 de maio de 2011

Poeta Abstêmio


Era uma vez um poeta abstêmio.
Cru real e insosso.
Ciente da sua sina e do seu prêmio.

Viajar no ponderável,
Correndo de pés no chão
Trabalhando o mensurável.

Humano e ponto.
Sentindo o senso comum.
Do banal encanto.

Poeta do incontestável,
Da riqueza material,
Do mundo visível.

Caiu no mundo das letras,
E enxergou significantes.
Ignorou significados extras.

Preso a métricas, sílabas e tônicas.
Adquiriu título de especialista.
Buscando as perfeições harmônicas.

Fugiu de correntes abstratas.
Caiu no ostracismo.
Na solidão tateada.

Negou o alento da embriaguez,
Sóbrio encarou seu destino.
E radicalizou de vez.

Evitou duplos sentidos.
Sempre certo reto e invariável.
Na ciência buscou seus amigos.

Na metafísica se sentiu traído.
Em meio a dúvidas mil,
Sentiu-se absorvido.

Ateu, seco e falido.
Descrente do seu destino
Na sarjeta se viu perdido.

Enfim a morte. Não!
Outra figura abstrata.
Fadado a irreal imensidão.

2 comentários:

  1. voce tem evoluido visievelmente com seu trabalho.

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  2. Fantástico. Concordo com o Peri, vc tem melhorado muito. senti um receio pessoal nesse texto? espero que não seja vc, vc vai longe, mas espero que não abra mão do talento pela formalidade.

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